A vida passa, o
tempo voa,
o pensamento a toa,
relembrando o passado,
as glórias e as
virtudes de outrora,
marcas e cicatrizes
na alma,
iguais ao picumã,
no teto do galpão,
pouco a pouco,
subindo de vagar,
se gruda e enegrecê
o telhado e o moirão,
que um dia tiveram
vida, na forma de uma figueira,
talvez um ipê ou
uma pitangueira,
a mesma árvore que
um dia nasceu, cresceu, se fortaleceu e hoje,
serve de cobertura,
de teto, de alento,
cobrindo de qualquer
tempo, impedindo de ver as estrelas,
mas protegendo do
frio minuano, aquele gelado vento,
e quando o vento
frio, teima em ranger o galpão,
esfria a alma,
aumenta a minha solidão,
e sozinho, na beira
do fogo, aquele que se faz no chão,
eu penso de novo,
remoo as memórias, e num trago curto e liso,
de canha, penso e
dou um riso,
olhando a labareda
do fogo, que queima a lenha da fogueira,
que era uma árvore,
que com o tempo, nasceu, cresceu e se fortaleceu,
e hoje em brasa,
queima saindo fumaça, defumando a minha solidão,
e assim como a
canha, quente, queima a goela, aquece também meu coração.
Por Emerson C Matos
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