Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, anos,1863 e 1864, centro da cidade, local, um açougue, o crime? Fazer linguiça com a carne de suas vitimas humanas, parece até um filme de terros americano, mas não é amigos e amigas do blog, foi um fato real, que aconteceu nos nossos pagos.
Esses crimes eram feitos da seguinte forma: os acusados atraiam vítimas para matá-las e, provavelmente, desfaziam de partes dos corpos produzindo linguiças de carne humana pra serem vendidas em um açougue da cidade. Três pessoas estariam envolvidos na execução dos crimes: o brasileiro José Ramos, sua esposa húngara Catarina Palse e o açougueiro alemão Carlos Claussner. Apesar de ser um caso real, ele ainda está presente no imaginário popular local, tendo-se tornando uma espécie de lenda urbana da cidade. O crime
Ao que tudo indica, os crimes iniciaram-se a partir do ano de 1863. José Ramos e Catarina Palse frequentavam bons locais públicos e checavam, com antecedência, quais homens ali eram ricos e poderiam ser seduzidos por Catarina. A preferência era por imigrantes alemães, visto que Catarina não dominava o idioma português. Após escolher a vítima, a mulher de José Ramos, Catarina Palse, atraia as vítimas no Beco da Ópera (atual Rua Uruguai) e as levava para a casa do casal, onde as vítimas tinham roubados seus pertences e eram degoladas, esquartejadas e descarnadas. A carne era transformada em linguiça e vendida no açougue de Carlos Claussner; ele teria aconselhado Ramos a fabricar linguiças com a carne como forma de impedir que os assassinatos fossem descobertos por alguma evidência; já os ossos seriam dissolvidos em ácido ou incinerados no seu açougue. Embora o número exato permaneça um mistério, supõe-se que seis vítimas foram assassinadas. Em agosto de 1863, os desaparecimentos começaram a despertar a curiosidade das pessoas que pressionavam cada vez mais as autoridades, isto começou assustar o açougueiro Carlos Claussner, que decidiu ir para o Uruguai, pois estava infeliz em Porto Alegre. Dessa forma, José Ramos, temendo perder seu parceiro nos crimes, matou-o antes e o enterrou no quintal de sua casa. O casal tomou posse do casa e da loja, e dizia a quem perguntava que haviam comprado as propriedades de Claussner. Com a morte do açougueiro, a fabricação de linguiças humanas acabou, pois o casal não tinham experiência profissional para isso.A elucidação dos crimes tem início no ano de 1864, com o desaparecimento do caixeiro-viajante José Ignacio de Souza Ávila e do comerciante português Januário Martins Ramos da Silva; que foram vistos no dia anterior na casa de José Ramos, na Rua do Arvoredo. Convocado a prestar esclarecimentos na delegacia, Ramos afirmou que eles teriam ido pra cidade de São Sebastião do Caí. O delegado, não satisfeito com as explicações, no dia seguinte ao depoimento foi revistar a residência, encontrando comprovações de diversos crimes.Foram achados vários indícios, que se deram por meio de identificação dos pertences das vítimas, conservados por Ramos como uma espécie de souvenirs de acontecimentos macabros. Ainda, durante a revista, em estado de decomposição, foram descobertos vários pedaços de um corpo humano enterrados no porão da residência, sendo identificados como sendo o alemão Carlos Claussner, dono do açougue na Rua da Ponte. No poço da casa encontrou-se despedaçados os corpos de Januário e José Ignacio e, também, de um cachorro com o ventre rasgado (o cão era de José Ignacio, que permaneceu na porta da casa de José Ramos latindo como se esperasse o dono por alguns dias, até que misteriosamente também desapareceu). Catarina, depois de um tempo presa e convertida para a seita dos mucker, decidiu confessar à polícia que na casa haviam sido mortas mais seis pessoas e que foram transformadas em linguiça pelo açougueiro Carlos Claussner. O diário de Catarina foi o ponto de partida para a investigação das demais mortes.
Conclusão
José Ramos e Catarina Palse mataram para se apossar dos bens de suas vítimas, com exceção do caixeiro José Ignacio, que foi morto por ser testemunha, que poderia denuncia-los. Nordestino, o delegado Dário Rafael Callado exercia funções de Chefe de Polícia e Juiz de Direito na época. Sendo o acusado José Ramos um de seus informantes assalariados, Dário Callado acelerou o andamento do inquérito policial e cumprimento das funções judiciais para evitar uma situação embaraçosa contra si.Dário já tinha sido alvo de críticas, como por exemplo, do deputado Silveira Martins por ter feito prisões ilegais. Já na condição de Juiz de Direito, Dário Callado sentenciou José Ramos nas penas do crime de latrocínio, condenado à pena de morte por enforcamento pelos seus crimes (depois comutada à prisão perpétua); Ramos negou os crimes até morrer doente, cego e sozinho na Santa Casa de Porto Alegre, em 1893. Catarina Palse acabou sendo presa como cúmplice, condenada a 13 anos de prisão; saiu da prisão em 1877 e depois acabaria morrendo em um hospício, em 1891. O caso teve quase nenhuma repercussão na impressa de Porto Alegre da época, tendo mais destaque em jornais franceses e uruguaios As linguiças fabricadas, vendidas no comércio de Porto Alegre, tinham "muito boa aceitação". Nesse ponto inicia-se a "lenda", pois os processos criminais a que José Ramos respondeu existem, mas neles não consta que as vítimas eram transformadas em linguiça. O processo dos crimes da Rua do Arvoredo encontra-se hoje guardado no Arquivo Nacional, na cidade do Rio de Janeiro. Segundo o historiador Décio Freitas, autor do livro O Maior Crime da Terra, os processos estão incompletos, faltam folhas, é todo manuscrito em português arcaico de difícil leitura e se realmente a história é verdadeira, nunca se saberá, pois somente as folhas faltantes nos autos é que poderiam dar algum indício sobre a veracidade das tais linguiças, ou não. O fato é que hoje existe o crime, porém, as provas sobre as linguiças fabricadas com carne humana foram inviabilizadas no decorrer do processo e o passar dos tempos. Portanto, jamais se saberá se a história é completamente verdadeira.
já tinhamos nosso Annibal Lackter nos pampas.
ResponderExcluirDario Rafael Callado era Uruguaio, nascido em Montevidéu em 1833 e crescido na Côrte (Rio de Janeiro). Formado em Direito na USP em 1854.
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