HONÓRIO GAUDÉRIO O GAÚCHO GROSSO

HONÓRIO GAUDÉRIO O GAÚCHO GROSSO

segunda-feira, 9 de março de 2020

Poema gaúcho: O Fogo de chão e a solidão do inverno, por Honório Gaudério



A vida passa, o tempo voa, 
o pensamento a toa, relembrando o passado, 
as glórias e as virtudes de outrora, 
marcas e cicatrizes na alma, 
iguais ao picumã, no teto do galpão, 
pouco a pouco, subindo, devagar, se gruda e enegrece
 o telhado e o moirão, 
que um dia tiveram vida, na forma de uma figueira, 
talvez um ipê ou uma pitangueira, 
a mesma árvore que um dia nasceu, cresceu, se fortaleceu 
e hoje, serve de cobertura, de teto, de alento,
 cobrindo de qualquer tempo, 
impedindo de ver as estrelas, mas protegendo do frio minuano, 
aquele gelado vento, e quando o vento frio, 
teima em ranger o galpão,
 esfria a alma, aumenta a minha solidão, 
e sozinho, na beira do fogo, aquele que se faz no chão, 
eu penso de novo, remoo as memórias, 
e num trago curto e liso, de canha, 
penso e dou um riso, olhando a labareda do fogo, 
que queima a lenha da fogueira, que era uma árvore, 
que com o tempo, nasceu, 
cresceu e se fortaleceu, e hoje em brasa, queima saindo fumaça, 
defumando a minha solidão, 
e assim como a canha, quente, queima a goela, 
aquece também meu coração. 
 Por Honório Gaudério

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